Exercícios físico e benefícios para pressão arterial

O Exercício Físico no Controle da Hipertensão Arterial Sistêmica

O Exercício Físico como Estratégia Não Farmacológica Central no Controle da Hipertensão Arterial Sistêmica


Resumo

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma condição crônica de alta prevalência e um dos principais fatores de risco modificáveis para doenças cardiovasculares (DCV), como infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular cerebral (AVC). O tratamento da HAS é multifacetado, envolvendo intervenções farmacológicas e, fundamentalmente, modificações no estilo de vida. Dentre estas, a prática regular de exercício físico (EF) é reconhecida pela comunidade científica e pelas diretrizes clínicas como uma intervenção não farmacológica de primeira linha, eficaz tanto na prevenção quanto no manejo da doença. Este artigo visa sumarizar os mecanismos fisiológicos pelos quais o EF promove a redução da pressão arterial (PA) e fornecer recomendações gerais baseadas em evidências para a sua prescrição em indivíduos hipertensos.

Introdução

A HAS caracteriza-se por níveis pressóricos persistentemente elevados (PA $\geq 140/90 \text{ mmHg}$), resultando em sobrecarga crônica sobre o sistema cardiovascular e endotelial. O sedentarismo é um fator de risco bem estabelecido, e a inclusão de um programa de EF regular tem se mostrado capaz de reduzir a PA clínica em pacientes hipertensos, com reduções médias de 5 a $7 \text{ mmHg}$ na PA sistólica e 3 a $5 \text{ mmHg}$ na PA diastólica em comparação com indivíduos sedentários.

Mecanismos Fisiológicos de Redução da Pressão Arterial

O efeito hipotensor do exercício físico é mediado por uma série de adaptações agudas e crônicas que atuam no controle da PA:

  • Melhora da Função Endotelial e Produção de Óxido Nítrico ($\text{NO}$): O EF, especialmente o aeróbico, aumenta o estresse de cisalhamento (shear stress) nas paredes arteriais, estimulando a síntese e a biodisponibilidade de óxido nítrico ($\text{NO}$). O $\text{NO}$ é um potente vasodilatador, cuja ação leva à redução da resistência vascular periférica (RVP), um dos principais determinantes da PA.
  • Modulação do Sistema Nervoso Autônomo (SNA): O treinamento físico crônico induz a uma redução da hiperatividade simpática, frequentemente observada em hipertensos. Isso resulta em uma diminuição da frequência cardíaca de repouso e uma menor liberação de catecolaminas, o que contribui para a diminuição do tônus vasoconstritor e, consequentemente, da PA.
  • Hipotensão Pós-Exercício (HPE): Imediatamente após uma sessão de exercício, especialmente o aeróbico, observa-se uma queda nos níveis pressóricos (HPE) que pode persistir por até 24 horas. Este é um efeito clinicamente relevante que reforça a importância da regularidade do treino.
  • Adaptações Estruturais e Humorais: O exercício auxilia no controle do peso corporal, da sensibilidade à insulina e no perfil lipídico, fatores que indiretamente melhoram a função cardiovascular e renal.

Prescrição do Exercício Físico para Hipertensos

As diretrizes internacionais e nacionais recomendam a combinação de exercícios aeróbicos e resistidos. É crucial que a prescrição seja individualizada e realizada por um profissional de educação física qualificado, após avaliação médica e liberação para o esforço, que pode incluir um teste ergométrico.

Variável Exercício Aeróbico (Prioritário) Exercício Resistido (Complementar)
Tipo Caminhada, corrida leve, ciclismo, natação, hidroginástica. Treinamento com pesos, máquinas, faixas elásticas ou peso corporal.
Frequência $\geq 3$ a $5$ vezes por semana. $2$ a $3$ vezes por semana (em dias não consecutivos).
Intensidade Moderada ($\approx 40\%$ a $60\%$ da Capacidade Máxima ou $12-13$ na Escala de Borg). Leve a Moderada ($\approx 50\%$ a $60\%$ de 1 Repetição Máxima - $1 \text{RM}$).
Duração $30$ a $60$ minutos por sessão (podendo ser fracionado em períodos de $10$ minutos). $1$ a $3$ séries de $10$ a $15$ repetições para 8 a 10 exercícios diferentes.
Considerações O efeito hipotensor é mais pronunciado. Evitar a Manobra de Valsalva (prender a respiração) para prevenir picos pressóricos excessivos.

Conclusão

O exercício físico é um pilar insubstituível na prevenção e no tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica. O treinamento regular, predominantemente aeróbico e complementado por exercícios de força, oferece benefícios hemodinâmicos e autonômicos que promovem a redução sustentada da pressão arterial. A adesão a um programa de exercícios deve ser incentivada por todos os profissionais de saúde, dada a sua eficácia comprovada, baixo custo e impacto positivo na qualidade de vida global do indivíduo hipertenso.

Nota: Este artigo é uma síntese baseada em consensos e revisões da literatura e não substitui a consulta a um médico cardiologista e a um profissional de educação física para uma orientação específica e segura.


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